Me encolho no canto do meu refúgio amarelado, um pouco angustiante, um pouco claustrofóbico. Deito e deleito na maciez de onde costumo sonhar acordada e penso na nostalgia do que quis, na ansiedade do que quero.É o lugar onde só minha pessoa pode caber, ali não há espaço nem para mais uma bala de morango cheia de formigas. Meus olhos mesmo cerrados, ainda conseguem ver adiante, adiante dos meus mais puros desejos ingênuos. Minha mente deixa-se levar pelos proprios pensamentos fúteis como se estivesse descarregando tudo de inútil que absorveu durante o dia, e deixa apenas o mais importante.No meio dos papéis cheios de ideias, entro no mundo onde eu dito as regras, onde tudo me pertence e ninguém pode saber. Tiro um tempo para divagar sobre a realidade e para me concentrar na minha imaginação. Preciso de um tempo só meu, só da minh'alma, onde eu não preciso me entender, só me deixar levar sem reservas, sem medo, sem preocupações... Para depois sair carregada daquele cubículo. Levantando o muro entre meu eu interior e o eu exterior, pois só no meu cubículo amarelado que me permito soltar-me das amarras da realidade.
Nathália Lopes